Empresas buscam alternativas para isentar estoque de lucro

Um grupo de empresas já começou a se movimentar na busca de uma solução para distribuir dividendos sem tributação, antes que esses proventos aos acionistas deixem de ser isentos.

O Senado aprovou na quarta-feira o projeto que prevê isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e, em contrapartida, estipula a cobrança sobre dividendos a partir de 2026.

Companhias, inclusive algumas de capital aberto, têm feito consultas com especialistas buscando alternativas. Parte delas tem cogitado até mesmo a emissão de dívida para arcar com o pagamento de parte do estoque do lucro sem impostos.

Outras colocaram na mesa a utilização do caixa para pagar uma parcela de dividendos ainda neste ano e, com o restante do valor, capitalizar a reserva de lucros.

A corrida para ficar na regra tributária antiga tem impacto em diferentes mercados. A bolsa vem recebido aportes nos últimos dias de investidores que buscam garantir a isenção relativa a lucros apurados ainda em 2025 e que ficarão livres do novo tributo. No câmbio, é esperado um fluxo maior de remessas de dividendos de filiais para matrizes ainda neste ano.

Anúncios de distribuição de dividendos bilionários começaram a ser feitos. Nesta semana, por exemplo, a Axia (antiga Eletrobras) anunciou a distribuição de dividendos intermediários de R$ 4,3 bilhões, com a utilização de parte de seu saldo de reserva estatutária, valor que será pago ainda neste ano.

A expectativa é que dentro das próximas semanas mais empresas comecem a fazer anúncios de distribuição de dividendos de olho na isenção do imposto.

O movimento vem na esteira do PL 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, promessa de governo do presidente Lula, a quem cabe agora a sanção da matéria.

O texto estabelece, como compensação, a tributação dos dividendos em 10%, retidos na fonte. Não será cobrado imposto no caso de distribuição do lucro acumulado que foi incorporado ao patrimônio líquido – e é a essa brecha que as companhias estão se apegando.

— Valor