País tem risco de alta dobrada de recuperação judicial e falências
••ARTIGO
ACÁCIO JÚNIOR | advogado empresarial
Como já não bastasse o cenário extremamente nocivo para a economia brasileira, puxado pela atual e gravíssima crise política que acompanhamos atualmente, a elevação do endividamento das empresas brasileiras pode forçar um lamentável aumento – mais que o dobro – dos pedidos de recuperação judicial e falências de empresas no País.
A previsão consta em relatório recente da FTI Consulting, conforme noticiado pelo jornal DCI, que diz que a consultoria levou em consideração a queda da capacidade de geração de caixa das empresas. O jornal relata ainda que, além de mais do que duplicar este ano, a consultoria observa que os pedidos continuarão elevados nos próximos anos.
Este tipo de projeção, infelizmente, já faz parte do cotidiano de muitas empresas. Segundo dados da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial já haviam avançado de 828, em 2014, para 1.287 pedidos em 2015.
Ao longos dos últimos 20 anos presto assessoria jurídica para empresas de diferentes setores e vejo com preocupação este ambiente de crise que aos poucos ganha contornos ameaçadores para o empresariado brasileiro.
Na semana passada a Fitch (agência de classificação de risco) rebaixou a nota de crédito do Brasil – agora para “BB” dois níveis abaixo do grau de investimento. A Fitch vê a mudança de governo como uma oportunidade para implementar reformas. Isso só reitera o descrédito provocado pela atual crise política.
Não podemos mais ler notícias sobre o fechamento de empresas, de queda de produção da indústria puxada pela retração da economia e desemprego como reflexo direto deste conjunto.
Apesar dos indicadores que apontam para cima o número de recuperações judiciais e de fechamento forçado de empresas, o número de falências decretadas pela Justiça caiu 13,3% no primeiro trimestre, passando de 195 (2015) para 168 (2016), mas o número de empresas sem condições de arcar com seus compromissos ainda é ato. A inadimplência das empresas brasileiras subiu 2,5% nos primeiros três meses de 2016, em relacão ao quarto trimestre de 2015, segundo Boa Vista SPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Na comparação com os primeiros três meses de 2015, o indicador apresentou variação positiva de 9,2%.
Diante de cenários como estes, nos resta agora aguardar os rumos que a política nacional do Brasil e, com isso, a economia e a retomada da atividade plena das empresas.