Estudo mostra cenário macroeconômico do Brasil

O levantamento feito pela agência classificadora de risco Austin Rating aponta que a recuperação da dinâmica macroeconômica global e doméstica, levando em consideração o crescimento do PIB e a redução dos efeitos prejudiciais ocasionados pela Covid-19, só vai ocorrer com o início do processo de imunização da população. Com a vacina, tudo pode seguir com amplitude nos resultados efetivos, que se referem à retomada da economia.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, responsável pelo estudo Painel Macroeconômico, afirma que é importante reforçar que tais medidas têm impacto direto, e positivo, sobre o ambiente fiscal. “A PEC do Pacto Federativo, por exemplo, ao mudar a repartição de recursos entre União, estados e municípios, permite ao governo federal desengessar o orçamento, que está tomado com quase 95% de despesas obrigatórias, bem como concede maior autonomia aos Estados e Municípios em troca de um novo ajuste fiscal”, afirma Agostini. 

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O estudo também destaca que a PEC Emergencial e a PEC dos Fundos são relevantes por permitir a gestão racional das despesas de custeio em momentos de crise fiscal, e libera recursos adicionais ao caixa do governo federal por meio da revisão de 281 fundos públicos, que somam aproximadamente R$ 220 bilhões que vai ajudar a reduzir a dívida pública federal. 

A Reforma Tributária e a Reforma Administrativa têm como objetivo melhorar o ambiente de negócios, seja por meio da redução dos custos relativos ao burocrático aparelho tributário, seja pela mitigação dos riscos associados ao crescente endividamento público que gera insegurança nos agentes econômicos e limita investimentos. 

Com relação ao ambiente da política monetária, a Austin Rating trabalha com cenário de elevação da taxa Selic neste ano, porém, de forma gradativa e, provavelmente, iniciando o ciclo em maio (com chances de ocorrer em março) até atingir 4,75% ao final de 2021. A alta esperada da taxa Selic decorre da necessidade de o Copom e o Banco Central serem cada vez mais cirúrgicos em suas decisões em virtude tanto do ambiente fiscal ainda com relativo grau de incerteza, como pela redução do centro da meta para inflação no horizonte de tempo relevante. Ou seja, no período de 2021-2023, a meta sai de 3,75% para 3,50% em 2022 e de apenas 3,25% em 2023, sem que a estrutura de preços da economia seja alterada nesse período. Em tempo, vale lembrar que os índices gerais de preços anotaram alta de mais de 20% em 2020 (com IPA na casa dos 30%) e deverão anotar novamente dois dígitos em 2021 (estimamos 10,1%) , imprimindo inércia sobre alguns preços administrados que tem como indexador de reajuste os IGPs. 

“Quando mencionamos o mercado cambial, nosso cenário ainda contempla volatilidade do Real frente ao dólar em decorrência, principalmente, do ambiente fiscal ainda fragilizado e, portanto, mantendo a flutuação da moeda ao redor de R$ 5,10/US$, na média, ao longo deste ano. Em estudo realizado pela Austin Rating, confrontamos o comportamento do Real frente a uma cesta de moedas de 16 países emergentes (EM16C) que representam 30% do PIB global. Com isso, podemos observar que o Real tem aderência a cesta de moedas entre janeiro de 2018 até o início da pandemia. Em março de 2020, na sequência, as curvas entram em movimento distintos com desvalorização do Real e valorização da cesta EM16C. Tal exercício nos permite concluir que os problemas domésticos (ex: fiscal) se sobressaem aos impactos negativos gerados pela conturbação que a Covid-19 gerou nas relações de fluxo de capitais no mundo, bem como nos faz acreditar que é possível haver forte redução da volatilidade, com ganhos de valorização do Real na medida em que sejam aprovadas as propostas de ajuste fiscal (as PECs citadas anteriormente), aliados a um programa de privatizações com resultados significativos, bem como com o avanço vigoroso do processo de imunização em nível global, com resultados contendentes, além da melhora da atratividade do carry trade com a elevação da taxa básica de juros”, 

A pesquisa também revela que a aplicação das variações da cesta EM16C na cotação diária do Real, a cotação atual deveria estar em R$ 4,40/US$ e não R$ 5,40. Por fim, a engrenagem do crescimento e desenvolvimento econômico somente ganhará força e tração quando todas as medidas listadas se transformarem em maior confiança dos agentes econômicos que, por sua vez, determinarão os investimentos e consumo necessários para que o PIB brasileiro retorne a um nível minimamente digno (3,5% ao ano) para reduzir o nível de desemprego e desequilíbrios de renda.

Fonte: Aporte Economia

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